Caríssimos leitores, durante estes dias vou estar a empacotar as coisas para mudar-me de casa. Não se assustem, não vou falar do maravilhoso que é mudar de casa- porque pelo menos até agora não tem sido, estou até com vontade de nunca mais comprar livros na vida - mas sim do maravilhoso que é recordar alguns momentos da infância.
No verão, a Notícias Magazine publicou um artigo sobre os brinquedos de eleição da infância de algumas personagens públicas. Duas delas, Isabel Alçada e Inês Pedrosa, escolheram pelo menos um livro. Isabel Alçada escolheu o primeiro livro que leu completo em francês, Les Malheurs De Sophie. No caso de Inês Pedrosa, a sua lista continha apenas livros.
Grande parte das coisas que estive a empacotar eram livros e é impossível, ao pegar nos muitos livros que fizeram parte da minha infância, não me sentar e recordar tantos momentos. E nesses momentos de nostalgia, percebi que tenho mais recordações dos livros de Anita e de fábulas do que bonecas e outros jogos.
Se tivesse de escolher um título para o meu brinquedo de infância, escolheria Anita vai à escola. Recebi-o de uma prima minha, uma edição já bastante antiga e desgastada quando mo leram pela primeira vez, mas ainda assim, um livro que rapidamente se tornou no meu preferido e que acabei por saber de memória. Foi debruçada sobre ele que aprendi a ler, juntando primeiro uma letra com outra, depois sílaba com sílaba até formar orgulhosamente uma palavra.
Claro que a partir do momento em que sabia ler, muitos livros se seguiram, mas este é aquele que recordo com mais carinho e que, caso tivesse de deixar todos os meus brinquedos de infância atrás, seria este o que eu levaria (ok, provavelmente também levaria um ursinho de peluche).
E vocês também têm um livro de infância que recordem com carinho especial?
domingo, 8 de maio de 2011
sábado, 30 de abril de 2011
O rapaz do pijama às riscas, de John Boyne
Bruno, de nove anos, nada sabe sobre a Solução Final e o Holocasto. Ele não tem consciência das terríveis crueldades que são infligidas pelo seu país a vários milhões de pessoas de outros países da Europa. Tudo o que ele sabe é que teve de se mudar de uma confortável mansão em Berlim para uma casa numa zona desérica, onde não há nada para fazer nem ninguém com quem brincar. Isto até ele conhecer Shmuel, um rapaz que vive do outro lado da vedação de arame que delimita a sua casa e que, estranhamente, tal como todas as outras pessoas daquele lado, usa o que parece ser um pijama às riscas. A amizade com Shmuel vai levar Bruno da doce inocência à brutal revelação. E ao descobrir aquilo de que, involuntariamente, também ele faz parte, Bruno vai, inevitavelmente, ver-se enredado nesse monstruoso processo.
A Minha Opinião: Depois de ouvir opiniões tão boas sobre este livro e de já saber em linhas gerais do que se tratava, pensei que iria ler algo maravilhoso, porém, fiquei ligeiramene decepcionada.
A história do livro é, no entanto como me disseram, belíssima. Bruno, um rapaz alemão de 9 anos, muda-se de Berlim para o local de um campo de concentração onde conhece Schmuel, um rapaz judeu que lá se encontrava. Separados por uma rede, os dois vão iniciar uma forte amizade e falar sobre o que os afligia, com uma simplicidade que provoca nos leitores uma reflexão sobre a injustiça do holocausto. Bruno não compreende muito daquilo que se está a passar à sua volta, pelo contrário nós, leitores, percebemos.
Este pequeno livro encerra uma poderosa mensagem através de uma história simples e uma linguagem quase infantil. Talvez pela sua simplicidade, é capaz de arrancar sorrisos e lágrimas a leitores de qualquer idade, porque, no fundo, a perspectiva de uma criança inocente sobre a injustiça que o seu amigo judeu sofre é comovente e enternecedora.
No entanto, não gostei mesmo nada de Bruno, o miúdo alemão. Certamente que o autor o fez parecer como uma criança ingénua e com os defeitos que crianças de 9 anos têm, mas o livro era mais centrado nas acções de Bruno do que no seu amigo Schmuel que, pelas suas qualidades e, de certa forma, maturidade, me fizeram gostar muito dele. Acho que por isso o livro nunca chegou a atingir o nível de maturidade que eu estava à espera, ainda que este ponto esteja mais relacionado com as minhas expectativas do que com outra coisa qualquer.
Apesar de tudo, é um bom livro que tem a capacidade de agarrar o leitor desde o início. Li-o só de uma vez, mas quando o pousei, reli o final. Para mim, foi a melhor parte.
Classificação: 7/10 - Bom
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Feira do Livro de Lisboa 2011
Caros leitores,
o evento pelo qual ansiosamente esperamos durante todo o ano - a feira do livro - finalmente chegou! Os livros voltam ao Parque Eduardo VII já amanhã, dia 28 de Abril.
O horário da feira, disponibilizado no site, é o seguinte:
Segunda a quinta - 12.30 às 23.00
Sexta - 12.00 às 24.00
Sábado - 11.00 às 24.00
Domingo - 11.00 às 23.00
À semelhança do ano passado, haverá uma Happy Hour - a Hora H - de segunda a quinta, das 22 00 h às 23 00 h. Nesta altura, os livros com mais de 18 meses terão 50 % de desconto nas editoras que aderirem. É uma excelente iniciativa, encontram-se muito bons títulos a preços tentadores! Porém, sugiro que venham um pouco antes e confirmem a data de edição dos livros.
O evento durará até dia 15 de Maio.
o evento pelo qual ansiosamente esperamos durante todo o ano - a feira do livro - finalmente chegou! Os livros voltam ao Parque Eduardo VII já amanhã, dia 28 de Abril.
O horário da feira, disponibilizado no site, é o seguinte:
Segunda a quinta - 12.30 às 23.00
Sexta - 12.00 às 24.00
Sábado - 11.00 às 24.00
Domingo - 11.00 às 23.00
À semelhança do ano passado, haverá uma Happy Hour - a Hora H - de segunda a quinta, das 22 00 h às 23 00 h. Nesta altura, os livros com mais de 18 meses terão 50 % de desconto nas editoras que aderirem. É uma excelente iniciativa, encontram-se muito bons títulos a preços tentadores! Porém, sugiro que venham um pouco antes e confirmem a data de edição dos livros.
O evento durará até dia 15 de Maio.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
O Décimo Terceiro Conto, de Diane Setterfield

A Minha Opinião: O Décimo Terceiro Conto foi um dos muitos livros que descobri nas minhas visitas a outros blogs literários e que, provavelmente, nunca leria se não os visitasse.
Devo dizer que fiquei completamente surpreendida com este livro! Tive todos os "sintomas" de quando leio um livro que adoro: o número de páginas parecia que voava; era-me muito difícil arranjar um ponto para parar de ler, mas também quando o fazia, continuava embrenhada na história e quando faltavam poucas páginas para acabar, o meu desejo era que simplesmente não acabasse tão cedo.
O Décimo Terceiro Conto, não só pela escrita cativante, como também pelo enredo absorvente e o seu ambiente sombrio, prendeu-me desde a primeira página. Porém, penso que o que me fez realmente adorar o livro foram as personagens.
Margaret Lea era uma bibliófila e portanto, foi fácil identificar-me com ela desde o início. Ainda assim, não foi só esse facto que me fez gostar dela. Durante o livro, vamos saltando do presente para o passado, do passado para o presente. O passado consiste na narração de Vida Winter sobre a sua infância e adolescência. O presente, no momento em que ela a conta e Margaret a vai registando, para depois escrever a biografia de Vida Winter, que lhe fora incubida pela mesma. No entanto, Margaret não se vai limitar a registar a história que Vida lhe conta, até porque esta, até à data, contava sempre uma história diferente sobre a sua infância nas entrevistas e desta forma, não se sabia a verdade sobre os primeiros tempos da escritora, porque não havia nenhum registo de Vida Winter antes de se tornar numa romancista. Margaret vai então investigando provas que confirmem a história que lhe conta e faz um pouco o papel de detective, revelando ser bastante perspicaz. Gostei muito desta personagem, até porque ela também vai revelar ser possuidora de uma história peculiar que eu achei muito bém construída e adequada ao ambiente sombrio do livro.
Vida Winter é sem dúvida, uma mulher enigmática. Gostei logo de como relatava a sua infância através de um discurso onde a escolha das palavas não era feita ao acaso. Achei-a um personagem muito credível, com um carácter sereno, mas imponente, que me conseguiu prender a atenção desde que escreveu a carta a pedir os serviços de Margaret Lea. Com todo o mistério à volta dela, era como se me tivesse lançado uma teia da qual só me consegui desprender quando acabei o livro.
Como único ponto negativo, apenas aponto o facto de ter sentido falta, no final, de mais algumas explicações que me permitiriam perceber melhor a reviravolta que aconteceu no final, porque estava à espera que tivesse sido melhor descrita. Ainda assim, não sei bem se posso apontá-lo como um ponto negativo, porque não sei se seria próprio de Vida Winter deixar o leitor completamente elucidado sobre a sua vida, sem que houvesse ainda algum mistério de roda dela.
O Décimo Terceiro Conto é um livro fantástico cuja leitura me deu um enorme prazer de ler e que recomendo vivamente. Um autêntico exemplo de um livro que não largamos até saber o seu desenlace.
Classificação: 9 /10
segunda-feira, 11 de abril de 2011
A Alma Trocada, de Rosa Lobato de Faria
A Minha Opinião: Após ter lido A Trança de Inês, um livro da autora que simplesmente adorei, tinha expectativas elevadas em relação a este, não porque a temática me chamasse particularmente a atenção, mas porque já tinha saudades da belíssima expressão escrita de Rosa Lobato de Faria.
Pela segunda vez, apaixonei-me pela prosa da autora. Alguma parte da acção do livro passa-se no Alentejo e devo dizer que a descrição daquele local era maravilhosa, tão credível e tão real, tão chamativa. E a forma como o livro está escrito faz simplesmente com que o leitor se escape da sua mente e entre dentro da cabeça da personagem principal, Téo, sem quase se aperceber.
No entanto, (talvez um pouco pelas expectativas que tinha) o próprio enredo não me chamou tanto a atenção. Houve, certamente, momentos interessantes e personagens com as quais simpatizei, como a avó Jacinta, mas nada de muito memorável se o comparar com A Trança de Inês.
Não deixa de ser um bom livro. Apesar de ter sido em algumas partes demasiado mundano, devido a certos acontecimentos que, a meu ver, não trouxeram nada de novo ao livro, a mensagem durante o mesmo era belíssima: "a alma é indivisível e una, a alma é tua, Teófilo. Tens que aprender a viver com ela".
A Alma Trocada não me causou a mesma impressão que A Trança de Inês, mas continua a ser um livro que prima pela expressão escrita e o problema com que lida (que não me parece ser exclusivamente a homossexualidade, mas sim o sentirmo-nos bem com o que somos e aceitarmo-nos).
Gostei. Rosa Lobato de Faria é uma autora que vou ler brevemente e que aconselho vivamente.
Classificação: 8/10 (Muito Bom)
No entanto, (talvez um pouco pelas expectativas que tinha) o próprio enredo não me chamou tanto a atenção. Houve, certamente, momentos interessantes e personagens com as quais simpatizei, como a avó Jacinta, mas nada de muito memorável se o comparar com A Trança de Inês.
Não deixa de ser um bom livro. Apesar de ter sido em algumas partes demasiado mundano, devido a certos acontecimentos que, a meu ver, não trouxeram nada de novo ao livro, a mensagem durante o mesmo era belíssima: "a alma é indivisível e una, a alma é tua, Teófilo. Tens que aprender a viver com ela".
A Alma Trocada não me causou a mesma impressão que A Trança de Inês, mas continua a ser um livro que prima pela expressão escrita e o problema com que lida (que não me parece ser exclusivamente a homossexualidade, mas sim o sentirmo-nos bem com o que somos e aceitarmo-nos).
Gostei. Rosa Lobato de Faria é uma autora que vou ler brevemente e que aconselho vivamente.
Classificação: 8/10 (Muito Bom)
segunda-feira, 28 de março de 2011
As aventuras de João sem medo, de José Gomes Ferreira
A Minha opinião: Já tinha ouvido falar no livro As Aventuras de João sem Medo há algum tempo, no entanto, nunca pensei sequer em lê-lo, porque, sendo franca, o título não me puxava de todo. Foi então que um colega o apresentou à turma, dizendo que a história era uma crítica ao fascismo que o autor ironizava na personagem João sem Medo. (Afinal até parece interessante, não é?)
João sem Medo vive em Chora-que-logo-bebes - "exígua aldeia aninhada perto do Muro constituído em redor da Floresta Branca onde os homens, perdidos dos enigmas da infância, haviam estalado uma espécie de Parque de Reserva de Entes Fantásticos" - onde os choraquelogobebenses passam a vida a choramingar. Porém, um habitante, João sem Medo, é um resistente à choraminguice e um dia decide saltar o Muro. A partir daí, as suas aventuras começam no mundo imaginário.
Um livro divertido e interessante com uma história segmentada em capítulos curtos que apresentam as situações mais estranhas com as quais João sem Medo se depara depois de saltar o Muro, como um encontro com um gramofone com asas, a existência de uma cidade da confusão ou uma conversa com uma menina com pés ocos. Pequenos episódios que proporcionam um escape à realidade e que ao mesmo tempo escondem valiosas mensagens para os leitores.
Por exemplo, quando João sem Medo se depara com dois caminhos: o da felicidade e o da infelicidade, e deve escolher um deles, sabendo que terá que aceitar que lhe cortem a cabeça para seguir o caminho da felicidade. José Gomes Ferreira pega assim numa situação conhecida de outras histórias fantasiosas - na qual uma personagem tem de preferir um caminho a outro, sendo o mais difícil o que revela ser a escolha acertada - para criticar o regime fascista da altura em que não se devia pensar, ou seja aceitar que nos cortassem a cabeça, para se poder ser feliz. Ou então, não tanto no campo de uma metáfora, quando João Medroso é dissolvido na atmosfera e o autor esclarece que esse é "o ar que nós respiramos há muito, apenas em dose menos maciça" (o ar no qual o medo está dissipado).
Como outro ponto positivo, fiquei com uma imagem muito boa em relação ao autor, porque me fez abandonar a faceta mais melancólica que conhecia de José Gomes Ferreira, principalmente no capítulo XII - o do ar envenenado- em que o escritor me apanhou de surpresa e me fez rir um pouco.
Recomendo para todas as idades, pois emprestei-o à minha irmã, de 11 anos, e ela também gostou.
Classificação: 7/10 (Bom)
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Sputnik, Meu Amor, de Haruki Murakami
A Minha Opinião : Parti com enormes expectativas para este romance. A capa, o autor, o próprio título, tudo me fazia crer que estava perante um livro que iria adorar. Porém, na primeira página, Murakami deitou por terra tudo aquilo que eu pensava que Sputnik, Meu amor iria ser e ainda assim, não descansei até acabá-lo.
Nunca imaginaria que numa altura tão aterefada um livro pudesse envolver-me da maneira que este o fez. Nunca pensaria que, durante uma semana, um livro pudesse teimar tanto em abandonar a minha cabeça. A verdade é que foi exactamente o que aconteceu.
A história vai se tornando cada vez mais intrigante à medida que prosseguimos a leitura. No início, somos apresentados a uma personagem muito peculiar e lunática com a qual simpatizei desde a primeira página, Sumire. Apesar da história girar à sua volta, o livro é narrado na primeira pessoa por um professor de primária, grande amigo desta, que se encontra apaixonado por ela. Seria de esperar que Sumire também estivesse apaixonada por ele, mas não. Com 22 anos, Sumire apaixona-se pela primeira vez na vida por uma mulher casada, Miu.
À primeira vista, o enredo pode parecer banal. No entanto, garanto-vos que não o é. Murakami pegou no conceito de um triângulo amoroso e levou-o para um nível completamente superior, pois com uns toques surreais, transformou uma simples história aparentemente real numa história fascinante, que corta a respiração aos leitores pelas maravilhosas passagens que têm o privilégio de ler.
Digo isto, porque, de facto, o toque surreal de Murakami ajuda para se gostar do livro, mas é preciso uma escrita maravilhosa que faça justiça a um bom enredo. À semelhança do que constatei em A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol, a escrita é muito fluida e rica, pois muitas passagens têm metáforas belíssimas e as frases soam simplemente melodiosas. Inúmeras páginas do meu livro têm os seus cantos dobrados por ter encontrado parágrafos profundos que me fizeram parar antes de continuar a ler.
O único ponto negativo que posso apontar é o facto de que, ao contrário do outro romance, a história não tem tanto o carácter oriental de que estava à espera, pois uma parte da acção passa-se na Grécia. Talvez por isso tenha sentido que estava um pouco abaixo do outro romance.
Fora isto, adorei o livro. A história é belíssima e cativante. O facto de ter um toque que passa as barreiras do mundo real foi algo único que me fez escapar deste mundo por instantes.
Classificação : 9/10
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