segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Trança de Inês, de Rosa Lobato de Faria

Sinopse: "Assim as mulheres passam umas às outras a sua teia ancestral de seduções, subentendidos, receitas que hão-de prender os homens pela gula, a luxúria, a preguiça e todos os pecados capitais, é por isso que elas nunca querem os santos, os que não se deixam tentar, os que resistem à mesa, à indolência, à cama, à feitiçaria dos temperos, ao sortilégio das carícias, à bruxaria das intrigas." Baseado no mito de Pedro e Inês (mais na lenda do que na História), um romance sobre a intemporalidade da paixão, onde se abordam também alguns mistérios da existência. Um romance que, se não dá nenhuma resposta, coloca ao leitor algumas inquietantes questões. Rosa Lobato de Faria, "Prémio Máxima de Literatura" com o seu romance anterior, O Prenúncio das Águas, confirma aqui, uma vez mais, o seu notável talento de escritora.

A Minha Opinião: Ao contrário da maioria dos livros que leio, este não era um livro que quisesse ler há muito tempo. O interesse surgiu numa conversa com a minha professora de português sobre a importância da expressão escrita face ao desenrolar da acção/ história. Acabou por aconselhar-me Rosa Lobato de Faria, não só pela sua belíssima prosa poética, mas também porque eu devia ler mais autores lusófonos, o que, como já devem ter reparado, é bem verdade.


Foi-me bastante difícil escolher o livro da autora pelo qual começar. Os títulos apelavam-me todos, mas acabei por escolher A Trança de Inês, um pouco pela minha curiosidade em saber como abordaria Rosa Lobato de Faria esta célebre história de amor.


Ainda que pequeno, o livro é maravilhoso. A sensação com que ficamos ao acabar de lê-lo é de puro fascínio pela qualidade da escrita do que acabamos de ler, pela beleza da história, pela forma como somos imersos nos pensamentos e no universo do protagonista, Pedro.
Quaisquer preconceitos ou receios que tivéssemos à partida, desvanecem-se. A história lê-se muito bem, pois a abordagem feita pela autora ao romance de Pedro e Inês é magnífica. O livro absorve-nos desde o início até ao final e mesmo assim, a minha vontade ao acabar de lê-lo era recomeçar. Somos simplesmente presos por este romance que rompe a ténue linha que separa passado, presente e futuro.

Este é um dos poucos livros em que se pode abrir uma página ao acaso e ler algo esplêndido.
Quando o acabei, percebi que me tinha preenchido por completo. Eu poder-vos-ia falar sobre este livro durante horas, mas descubram por vocês próprios. Surpreendam-se. Eu, sem dúvida, surpreendi-me.

Classificação: 10/10 - Magnifique

4 comentários:

Jojo disse...

Cada palavra que empregaste nesta crítica é verdadeira. Este é um livro maravilhoso, poético e estranhamente cativante. Digo estranhamente porque achei que me ia perder entre as diferentes épocas: passado, presente e futuro mas não. Adorei todas elas e até senti a dor de Pedro. Mal posso esperar para ler outro dela!

Jacqueline' disse...

Jojo, obrigada. Fiquei mesmo encantada como tu e também me ia perdendo nas épocas, mas penso que esse era exactamente o desejo da autora. Se sentíamos a dor de Pedro, também tínhamos de perceber como ele se encontrava confuso entre passado, presente e futuro.

Curiosamente, a tua crítica foi uma das que me incentivou a pegar no livro :)

Jojo disse...

Ainda que levaste a minha opinião (obrigada!!!) e leste o livro porque gostaste imenso. Não sei tu mas desde que me meti nesta aventura do blog leio imensas críticas que me levam a ler livros maravilhosos, os quais talvez não olhasse à primeira vista.

Estou a pensar ler mais um de Rosa Lobato Faria este ano só que ainda não decidi qual.

Bjinhos*

Jacqueline' disse...

Jojo, a mim acontece-me o mesmo e é algo maravilhoso, descobre-se imensos livros e autores que nunca leríamos sem um "incentivo".

Eu também. Fiquei mesmo muito bem impressionada, é uma pena que a autora já não esteja entre nós.