sábado, 31 de dezembro de 2011

2011

Nunca pensei vir alguma vez a escrever algo deste género no blog, apesar de já ter tido vontade de o fazer antes. Porém, é meia-noite do dia 31 de dezembro de 2011 e penso, porque não.
Este último trimestre de 2011 confirmou uma tendência que surgiu quando entrei no secundário: a minha total falta de vontade de começar um livro em tempo de aulas. E isto causa-me estranheza. Estranheza porque sempre vi os livros como um bilhete para escapar à realidade, estar num mundo só meu por um tempo. Sempre foi uma forma de descomprimir, daí que as minhas literaturas recaiam essencialmente em romances e fantasia, raramente um livro com fundo verídico passa nas minhas mãos. Porém, vejo me a abrir um livro, ler as primeiras linhas e pensar no quão cansada estou e no que tenho para fazer no dia seguinte e dou por mim no final da página sem saber o que li, e fecho o livro e adormeço. Na noite seguinte, posso nem abrir o livro devido à tentativa fracassada anterior. Olho para a mesa de cabeceira e vejo Os Maias, Olhai os Lírios do Campo, Mulherzinhas e Lolita, entre outros. Os primeiros dois, obrigatórios para português, o outro para inglês e Lolita, o livro que não consegui acabar de ler.
Sinto falta de não saber o que vou ler a seguir, de olhar para a minha estante e escolher, dentro de livros requisitados, emprestados ou inclusive meus, aquele que mais me apela nesse momento. Tenho saudades de ter a liberdade para ler o que me apetece e de ir ao blog e dedicar-me com o mesmo entusiasmo de antes. Por isso nestes últimos meses decidi não forçar. Pelas pessoas que leem o blog, pela Papillon e a Juliet e por mim, por sentir uma obrigação de dar sempre o meu melhor, apesar de saber que as opiniões que escrevo valem o que valem. Porém sei que vou encontrar de novo a motivação.

Dito isto, um pequeno balanço literário de 2011:

Os livros que mais gostei:
- Crónicas do Gelo e do Fogo: Já no ano passado figuravam no top e este ano regressam. O sexto volume foi simplesmente fantástico e, apesar das expectativas serem muito altas, foram completamente superadas. Em 2012, é obrigatória a leitura de mais livros desta série.
- O Prenúncio das Águas: Não me canso de elogiar Rosa Lobato de Faria, porque a sua prosa é, para mim, encantadora, assim como a forma como torna a história mais mundana e simples em algo maravilhoso.
- Amor de Perdição: O que poderei dizer deste clássico? A minha vontade de relê-lo quando o acabei foi enorme, simplesmente porque as cartas que Simão e Teresa trocavam eram belíssimas.
- Os Pilares da Terra : Sem dúvida que este livro me tocou. A história extremamente bem construída e as suas personagens credíveis foram algo que desfrutei enormemente. Vêm-me sempre à memória quando vejo uma catedral.

Em números:

Livros lidos: 23

Por género:
Romance: 11
Romance histórico: 4
Policial: 3
Fantasia: 3
Outros: 2


Por autores:
Autores conhecidos: 5
Autores que não conhecia: 10
Autor com mais livros lidos: Agatha Christie (3)
Autores Portugueses: 6

Emprestados (biblioteca): 12
Emprestados (pessoas): 2
Comprados:9

O grande objetivo de 2011 a nível literários era ler autores portugueses. Para 2012, pretendo continuar com este objetivo e acrescentar autores de expressão portuguesa.

Resta desejar a todos os leitores um excelente 2012, com muito boas leituras.

sábado, 24 de setembro de 2011

A Glória dos Traidores, de George R. R. Martin

Sinopse: O bafo cruel e impiedoso do Inverno já se sente. Quando Jon Snow consegue regressar à Muralha, perseguido pelos antigos companheiros do Povo Livre, não sabe o que irá encontrar nem como será recebido pelos seus irmãos da Patrulha da Noite. Só tem uma certeza: há coisas bem piores do que a hoste de selvagens a aproximarem-se pela floresta assombrada. O Jovem Lobo também está em viagem, na companhia da mãe e do tio, numa tentativa de reconquistar duas coisas fundamentais para os Stark: a aliança da Casa Frey e o Norte. A primeira parece bem encaminhada, mas é sabido como o velho Walder Frey é traiçoeiro. Quanto à segunda, é uma incógnita, pois a tarefa que lhe cabe é quase impossível: conquistar Fosso Cailin a partir do sul. Em Porto Real, há dois casamentos em perspectiva, qual deles o mais importante para o destino dos Sete Reinos. Mas quem sabe o que os caprichos do destino têm reservado para os noivos? Jaime Lannister, agora mutilado, regressa para junto dos seus sem saber o que o aguarda. E do outro lado do mar, o poder dos dragões renasce, com Daenerys à cabeça de uma hoste de eunucos treinados para a guerra e finalmente rodeada de amigos. Mas serão esses amigos… dignos de confiança?

A Minha opinião: Para quem ainda não começou a ler esta saga, recomendo que o faça imediatamente. Ficará seguramente arrebatado pelas personagens e o brilhante mundo criado por George R. R. Martin.

Só posso dizer que, após 6 volumes, não estou de modo algum desiludida com esta saga . É claro que houve momentos que não gostei muito, mas a verdade é que são tão raros e tudo o resto é excelente. Neste volume então, Martin superou-se. Desde que o começamos há uma reviravolta quase que a cada capítulo! É realmente de cortar a respiração ver o que a acontece a tantas personagens e constatar que não podemos tomar nada como certo, porque Martin vai trocar-nos as voltas.


N'A Glória dos Traidores, a qualidade das personagens mantém-se, na realidade, algumas delas tornaram-se ainda mais interessantes neste livro como Jon, o Mindinho e Jaime e outras despertaram finalmente o meu interesse (sim, refiro-me a Sansa). Fiquei, no entanto, com alguma vontade (muita) de ler mais alguns capítulos de Daenerys e Bran. Ainda assim, se houve algo que realmente senti diferente neste livro foi o facto de que os acontecimentos me prenderam muito mais do que nos outros livros anteriores. Até este livro o que realmente adorava eram as personagens, mas agora acho que este jogo de interesses entre as casas e esta total incerteza sobre o destino de cada uma são coisas que não poderia abdicar.

Houve inclusivamente uma passagem de Sansa, uma das personagens que até à altura me prendia menos a atenção, que me pôs a pensar:

"Sansa pôs-se a vaguear, passeando por arbustos congelados e esguias árvores escuras, e perguntou-se a si própria se estaria ainda a sonhar. Flocos de neve que caíam roçavam-lhe no rosto com a leveza dos beijos de um amante e derretiam-se-lhe nas bochechas. Virou o rosto para o céu e fechou os olhos. Sentiu a neve nas pestanas, saboreou-a nos lábios. Era o sabor de Winterfell. O sabor da inocência. O sabor dos sonhos."

Sim, por momentos dou por mim a desejar novamente paz, um final feliz (agora dentro do possível) para a família Stark e a questão do rei resolvida. Porém, essa ideia rapidamente se desvanece, porque se há alguma coisa que tenho a certeza é que esta história ainda tem muito para dar. Vão haver mais personagens que me surpreenderão, traições, casamentos infelizes, mortes cruéis. E eu não quero perder nenhum destes acontecimentos. Quero ser arrebatada por esta história por mais algum tempo.

Escusado será dizer que este brilhante livro é o meu preferido de toda a saga.

Classificação: 9/10 - Excelente

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Tormenta das Espadas, de George R.R Martin

Sinopse: Os Sete Reinos estremecem quando os temíveis selvagens do lado de lá da Muralha se aproximam, numa maré interminável de homens, gigantes e terríveis bestas. Jon Snow, o Bastardo de Winterfell, encontra-se entre eles, debatendo-se com a sua consciência e o papel que é forçado a desempenhar.Todo o território continua a ferro e fogo. Robb Stark, o Jovem Lobo, vence todas as suas batalhas, mas será ele capaz de vencer as mais subtis, que não se travam pela espada? A sua irmã Arya continua em fuga e procura chegar a Correrrio, mas mesmo alguém tão desembaraçado como ela terá dificuldade em ultrapassar os obstáculos que se aproximam.Na corte de Joffrey, em Porto Real, Tyrion luta pela vida, depois de ter sido gravemente ferido na Batalha da Água Negra, e Sansa, livre do compromisso com o rapaz cruel que ocupa o Trono de Ferro, tem de lidar com as consequências de ser segunda na linha de sucessão de Winterfell, uma vez que Bran e Rickon se julgam mortos. No Leste, Daenerys Targaryen navega na direcção das terras da sua infância, mas antes terá de aportar às cidades dos esclavagistas, que despreza. Mas a menina indefesa transformou-se numa mulher poderosa. Quem sabe quanto tempo falta para se transformar numa conquistadora impiedosa?

A minha opinião: Muitas pessoas disseram-me que se eu tinha gostado dos volumes anteriores, ia adorar o 5º e o 6º. Na altura, achei um pouco difícil, porque eu tinha gostado mesmo muito dos outros, mas em relação a este volume, sem dúvida que é verdade.
Mais uma vez, esta é só a primeira parte do 3º livro original, por isso quero apenas deixar algumas impressões, porque estou em pulgas para começar o próximo volume :)

À semelhança do 3º, também este volume é o meio de montagem para os acontecimentos do próximo volume e portanto, Martin desenvolve a história de várias personagens, criando uma certa atmosfera, uma tensão para o volume seguinte. No entanto, não existe a enorme apresentação de personagens que, apesar de necessária no 3º volume, foi um dos pontos que menos gostei. Este volume, apesar de não ter acontecimentos propriamente marcantes, teve sempre um ritmo constante, pois os caminhos de cada personagem eram não só cativantes como também bastante imprevisíveis e gostei bastante de (quase) todos os rumos das personagens. Confesso que como considero que as personagens são o grande trunfo desta saga, as expectativas são sempre muito elevadas, mas até agora têm sido sempre superadas.
Um dos pontos que não podia deixar de referir ao falar das personagens é a introdução de duas novas com capítulos próprios : Jaime e Samwell. Se por um lado achei que Jaime foi uma excelente adição, por podermos finalmente conhecê-lo melhor,por outro não gostei nada dos capítulos de Samwell, porque não só me pareceram pouco interessantes, como a própria personagem deixa-me muito a desejar.

Deixo agora apenas uma nota em relação à história em si. Não sei se pelo tamanho do volume, se por outra razão, sinto a necessidade de alguma espécie de conclusão de alguns assuntos, entre eles o destino de Arya e a história de Catelyn.

Se A Glória dos Traidores for para A Tormenta das Espadas o que O Despertar da Magia foi para A Fúria dos Reis, parece-me que vou absolutamente adorar o próximo volume!

Classificação: 8/10 (Muito Bom)

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O Prenúncio das Águas,de Rosa Lobato de Faria

Sinopse:Tendo como pano de fundo uma aldeia condenada a ficar submersa pelas águas de uma barragem,cinco narradores falam de si,completando, à medida que o fazem,uma história a que só o leitor terá direito.

A minha opinião: Rosa Lobato de Faria tornou-se uma das minhas escritoras preferidas e, provavelmente, deve ser a que mais me impressiona pela sua prosa. Tem um je ne sais quoi de poético, uma forma melodiosa de construir as frases e encaixar versos e frases conhecidas de uma forma subtil. É essa prosa que consegue, como poucos escritores o logram, embrenhar intensamente o leitor numa história mundana e simples. Sim,é essa simplicidade de que traz ao livro algo de encantador.
Deter-me-ei agora de falar na sua belíssima escrita, pois a história também tem muito para dizer. Em O Prenúncio das Águas, o leitor é enviado para o Rio do Anjo, uma aldeia alentejana, recheada de lendas e habitantes típicos de uma aldeia portuguesa, que devido a uma barragem, será submersa pelas águas do rio. Os dias finais desta aldeia são nos relatados, na 1º pessoa, por 5 habitantes : um rapaz de nome Pedro, Ivo,um homem de 60 anos, Filomena, uma filha de emigrantes em França que retorna à sua terra de origem, Ausenda,uma das irmãs Matias Branco e Sebastiana, a habitante mais idosa da aldeia, considerada uma bruxa pelas crianças. É através da visão de cada uma delas que vemos perspectivas completamente diferentes sobre o triste, mas inevitável fim da aldeia. É curioso como Rosa Lobato de Faria consegue, graças ao seu talento, escrever como se fosse 5 pessoas ao mesmo tempo. O capítulo de cada personagem começa e o leitor sabe instantaneamente que personagem é, apenas porque a sua voz característica é logo ouvida.
Apesar de haver uma certa previsibilidade no caminho de cada personagem e no fim da história, não há um único momento em que não haja a esperança de um novo rumo das coisas, em que não vibremos e nos revoltemos com as personagens. Como disse, a história trata de um tema muito mundano, real, mas talvez seja essa a característica que lhe confere algo tão especial. Rosa Lobato de Faria é uma escritora que recomendo. Ler os seus livros é puro deleite.
Classificação: 9/10 - Excelente

domingo, 28 de agosto de 2011

Dead to the World (Sangue Oculto), de Charlaine Harris

Sinopse: Sookie terminou a sua relação com Bill após considerar que ele a traiu. Um dia, quando sai do trabalho para casa, depara-se com um vampiro nu e desorientado. Rapidamente ela percebe que ele não tem a mínima ideia de quem é nem para onde vai, mas Sookie sabe: ele é Eric e parece tão assustador e sexy - e morto - como no dia em que o conheceu. Mas agora como Eric está com amnésia, torna-se doce e vulnerável, e necessita da ajuda de Sookie - porque seja quem for que lhe tirou a memória, agora quer tirar-lhe a vida. A investigação de Sookie leva-a a uma batalha perigosa entre bruxas, vampiros e lobisomens. Mas pode existir um perigo ou ameaça ainda maior - ao coração de Sookie, porque estando Eric mais gentil e mais doce... é muito difícil resistir.
A minha opinião: Este quarto livro da saga surpreendeu-me. Apesar de ser mais parado do que o habitual, não perde a capacidade de nos prender até à última página. Neste volume, Sookie tem nas suas mãos dois problemas para resolver: o feitiço lançado pelas bruxas em Eric, que o deixa amnésico e com uma personalidade bem diferente, assim como o desaparecimento do seu irmão, Jason. Só posso dizer que, como fã incondicional de Eric, adorei o protagonismo que lhe foi dado e o facto de Bill ter (quase) desaparecido.
Em Dead to the world, houve mais um pequeno grande avanço no conhecimento deste mundo sobrenatural (não só em relação às novas criaturas como as bruxas, wiccans e fadas, mas também em relação aos já conhecidos metamorfos e lobisomens). Charlaine Harris sabe como prender o leitor e levantar gradualmente o véu, pelo que estou muito curiosa em relação ao que me espera nos outros livros, especialmente para conhecer o papel das fadas neste mundo sobrenatural.
E por fim, aquilo que digo constantemente em relação aos livros desta saga super consistente. É sempre difícil adivinhar o que nos espera na página seguinte, mas certamente será uma boa mistura de mistério, acção, fantasia e humor. O facto de ler a saga na sua língua original só a torna ainda melhor. Neste volume em particular, Harris deu ênfase às minhas personagens favoritas, pois Sookie continua como uma excelente narradora, sendo que consegue perfeitamente encaixar-nos na sua cabeça e Eric mostra uma nova faceta, mas não menos apetecível. Dito isto, espero ler o próximo livro brevemente, pois entre outras coisas, a história de Jason foi deixada demasiado em aberto para não se ter uma grande vontade de saber o que lhe acontece.
Classificação: 8/10 - Muito Bom

Saga Sangue Fresco - opiniões :

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Quando Lisboa Tremeu, de Domingos Amaral

Sinopse: Lisboa, 1 de Novembro de 1755. A manhã nasce calma na cidade, mas na prisão da Inquisição, no Rossio, irmã Margarida, uma jovem freira condenada a morrer na fogueira, tenta enforcar-se na sua cela. Na sua casa em Santa Catarina, Hugh Gold, um capitão inglês, observa o rio e sonha com os seus tempos de marinheiro. Na Igreja de São Vicente de Fora, antes da missa começar, um rapaz zanga-se com a sua mãe porque quer voltar a casa para ir buscar a sua irmã gémea. Em Belém, uma ajudante de escrivão assiste à missa, na presença do rei D.José. E, no Limoeiro, o pirata Santamaria envolve-se numa luta feroz com um gangue de desertores espanhóis. De repente, às nove e meia da manhã, a cidade começa a tremer. Com uma violência nunca vista, a terra esventra-se, as casas caem, os tectos das igrejas abatem, e o caos gera-se, matando milhares. Nas horas seguintes, uma onda gigante submerge o Terreiro do Paço, e durante vários dias incêndios colossais vão aterrorizar a capital do reino. Perdidos e atordoados, os sobreviventes andam pelas ruas, à procura dos seus destinos. Enquanto Sebastião José de Carvalho e Melo tenta reorganizar a cidade, um pirata e uma freira tentam fugir da justiça, um inglês tenta encontrar o seu dinheiro, e um rapaz de doze anos tenta encontrar a sua irmã gémea, soterrada nos escombros. (retirado de http://www.leya.com/gca/?id=316)

A Minha Opinião: Quando Lisboa tremeu relata uma história que tem como cenário a catástrofe de 1 de Novembro de 1755 em Lisboa. Dividido em 4 partes - Terra, Água, Fogo, Ar - o leitor vai acompanhando a destruição de Lisboa, primeiro pelo terramoto, mas seguidamente pelos tsunamis e incêndios.
Na capa, é nos dado a conhecer que o dia de todos os santos mudaria a vida de 5 pessoas para sempre. São elas o pirata, a irmã Margarida, o comerciante inglês Hugh Gold, Bernardino e o rapaz. A história de cada uma delas é-nos contada pelo pirata Santamaria e desde logo nos damos conta de que as suas histórias são bastante peculiares. A maneira com que Santamaria relata os acontecimentos, deixando algumas frases suspeitas sobre o que se passará no futuro, cria também algum suspense, o que, claro, contribui para que o leitor fique rapidamente preso à história.
Sem dúvida que os pontos positivos deste livro são estas personagens, bem desenvolvidas e tão diferentes entre si que, por um acaso do destino, se vão cruzando no meio da catástrofe que assolou Lisboa. Deixo também uma nota para o final, que não só foi comovente como também imprevisível.
No entanto, o livro peca na questão histórica. Pelo menos eu procurava um pouco mais de história neste livro. É sem dúvida muito engraçado ler algo que tem lugar numa cidade que me é muito familiar e conseguir imaginar os espaços como se fosse eu a percorrê-los, durante um acontecimento que me é também familiar, mas gostaria de ter retirado mais um pouco de informação do que a que retirei.
Talvez tivesse umas expectativas um pouco elevadas em relação a este livro, no entanto, não deixo de reconhecer que é uma leitura agradável, com capacidade para agarrar o leitor, e que dá uma boa visão sobre este acontecimento.
Classificação: 7/10 (Bom)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

As Virgens de Vivaldi, de Barbara Quick

Sinopse: As Virgens de Vivaldi traz-nos a Veneza barroca, esplendorosa e decadente de inícios de Setecentos, la Serenissima, num fresco luminoso e negro de uma sociedade marcada pela festividade exuberante do espírito carnavalesco e pelo peso castrador de uma mentalidade arreigadamente puritana. É a Veneza de Antonio Vivaldi, dos grandes génios e das obras-primas musicais, da riqueza cultural, das festas em opulentos ambientes palacianos, mas também do medo, da opressão, do Grande Inquisidor e de todos aqueles que a sociedade ostraciza. e é através do olhar de anna Maria - uma das jovens acolhidas pelo Ospedale della Pietá, virtuosa do violino e aluna predilecta do grande maestro Vivaldi - que podemos observar esse fresco, que ficamos a conhecer a sua fascinante história de vida, o quotidiano dentro das paredes do Ospedale, as intrigas da Veneza do século XVIII e um pouco do legado musical e da vida do próprio Vivaldi.

A minha opinião: As Virgens de Vivaldi conta-nos a história de Anna Maria dal Violin, a conhecida rapariga do Ospedalle della Pietá a quem o seu professor, Vivaldi, dedicou várias obras dado o seu virtuosismo ao tocar violino.

A nível histórico, este livro foi uma agradável surpresa, pois não conhecia o Ospedalle della Pietá, uma instituição que acolhia bebés enjeitados. Foi muito interessante ter uma ideia de como se organizava e o porquê do seu sucesso em criar jovens músicas, pois a maioria das figli di coro (raparigas que revelavam ter talento musical) permanecia lá toda a sua vida e não eram poucas as vezes que se apresentavam em concertos, visto pertencerem a uma escola de música bem famosa na altura, onde o Padre Vermelho foi professor. Curioso que Vivaldi não aparece como uma personagem muito central neste livro, ainda que, a meu ver, a autora conseguiu transmitir de forma subtil as características principais que lhe são atribuídas e alguns aspectos da sua biografia, como o caso da misteriosa cantora Anna Giraud. Parece de facto que Vivaldi, Anna Maria e la Serenissima revivem nas páginas deste livro.

A forma como o leitor conhece a historia de Anna Maria dal Violin é outro ponto positivo. Primeiro, temos as cartas que Anna Maria escreveu para a mãe enquanto jovem, com a esperança de que esta as lesse algum dia. Mas estas cartas relatam apenas um pouco da sua vida, pelo que são intercaladas pela voz de uma Anna Maria mais velha que revela o resto dos acontecimentos da sua juventude com outros olhos.

Ainda assim, houve algumas coisas que me decepcionaram neste livro. A maior preocupação de Anna Maria era encontrar a sua mãe e muita da acção do livro desenrola-se à volta dessa demanda. Mesmo para leitores pouco perspicazes, parece-me que, salvo algumas reviravoltas, tudo é bastante previsível. Acima de tudo, não foi um livro memorável. Apesar de uma escrita floreada e bastante agradável de se ler, não conseguiu, infelizmente, estabelecer comigo uma grande ligação.

Classificação: 6/10 (Bom, mas deixa a desejar)