quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Crime no Campo de Golfe, de Agatha Christie

Sinopse: Um urgente pedido de ajuda leva Poirot a França. Infelizmente, o detective não chega a tempo de salvar o seu cliente, cujo corpo é encontrado numa sepultura aberta num campo de golfe. Mas porque é que o morto enverga o sobretudo do filho? E a quem se destinava a apaixonada carta de amor descoberta no seu bolso? Antes que Poirot consiga responder a essas perguntas, o caso sofre uma reviravolta com a descoberta de uma segunda vítima.

A Minha opinião: Mais um ponto para a Duquesa da Morte. É impressionante como Agatha Christie continua sem desiludir. Apesar de começar a estabelecer alguns paralelismos entre os seus livros, reconhecendo algumas semelhanças entre os mesmos (algo da fórmula Christie?), o interesse manteve-se e a capacidade de me surpreender continua.

Como pontos fortes deste policial em específico, aponto o facto de, à semelhança de Crime no Expresso do Oriente, este também ter um crime antigo por detrás de todo o trama, crime esse fulcral para a resolução do mistério. Além disso, gostei do facto de haver outro detective envolvido no caso, um detective mais convencional que, claro está, não usa tão bem as celulazinhas cinzentas como Poirot. De resto, o habitual da autora: personagens singulares, uma capacidade de envolver o leitor no ambiente da história e de o manter preso à mesma de vido a umas reviravoltas inesperadas.

Na minha opinião, o livro só peca na escolha do narrador. Achei que a personagem estava ok. Nem gostei nem desgostei, mas depois da enfermeira que narrava o Crime na Mesopotâmia, este narrador soube-me a pouco, porque era um pouco normal demais. Ainda assim, fazia o nosso papel na história, de pessoa que pouco percebe ou não da resolução de um crime, e que se deixa levar facilmente pelas emoções.

Não gostei tanto como Crime no Expresso do Oriente ou O Assassinato de Roger Ackroyd, mas, na minha opinião, é um óptimo mistério na mesma e gostei bastante de o ler.

Classificação: 8/10 (Muito bom)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Um deus passeando pela brisa da tarde, de Mário de Carvalho

Sinopse: Lusitânia, séc. III d.C. Neste romance, talvez o mais importante de Mário de Carvalho, tudo se passa numa cidade da Lusitânia, Tarcisis, no momento em que Império Romano começa a soçobrar, devastado por factores internos e externos, as invasões bárbaras e a cristianização. E é num ambiente de decadência que todo o romance se desenrola. Apanhado na vertigem dos acontecimentos e rodeado de sinais que escapam ao seu entendimento, Lúcio Valério, o magistrado supremo é espoliado e perde todo o seu poder. Mário de Carvalho avisa-nos, no começo do romance: "...Tarcisis nunca existiu...", no entanto, devemos estar atentos, sobretudo os detentores do poder, aos sinais dos tempos, para percebermos o que nos acontece.


A Minha opinião: Antes de mais, quero referir que este livro foi lido no âmbito do contrato de leitura da disciplina de português. Ainda que eu tenha tido a oportunidade de o escolher numa lista de 20 livros de autores portugueses, interiormente, a etiqueta de "obrigatório" ao princípio não me deixou desfrutar do livro como o teria feito se fosse uma leitura normal. Para minha surpresa, após o arranque inicial dos primeiros 3 capítulos, já o via como um livro que lia por prazer e não por obrigação.

A história desenrola-se em Tarcisis, um município situado na Lusitânia, na altura em que Marco Aurélio era imperador. No primeiro capítulo, o protagonista, Lúcio Valério encontra-se exilado na sua villa, fora de Tarcisis, após ter exercido o cargo de dúunviro (governador máximo) no município. De seguida Lúcio inicia a analepse, propondo-se a escrever sobre os acontecimentos que levaram ao seu exílio, aquando a sua governação, de modo a apaziguar o seu espírito.

Enquanto dúunviro, Lúcio vai deparar-se com três grandes problemas: o avanço dos mouros que poderão vir a atingir Tarcisis, a seita dos cristãos que ele tenta, de certa forma, proteger do ódio da população e todo o contexto político e o descontentamento social que, a certa altura, Lúcio vai deixar de conseguir controlar tal a forma como os outros dois problemas ocupam as suas mãos. Isto sem esquecer a terrível atracção que sente por Iúnia Cantaber, a cristã mais devota e fanática de Tarcisis.


Gostei bastante do livro. Apesar de não ser um livro viciante, de leitura rápida, prende o leitor e obriga-o a reflectir sobre aquilo que está a ler.
De facto, este livro não tem como propósito relatar acontecimentos verídicos, porém, por aquilo que acontece é inevitável não pensar que, em moldes ligeiramente distintos, dilemas e situações nas quais Lúcio se encontra poderiam não só ter ocorrido na sociedade romana como também numa actual. Isto porque as pessoas mudam o mundo, mas o mundo não muda as pessoas. Os problemas que Lúcio enfrenta não seriam iguais nos dias de hoje, mas a forma como ele actua sobre eles e como ele é visto pelo resto da população por causa dessas acções seriam, sem dúvida, parecidas.

Lúcio é um homem íntegro, fiel aos seus princípios e preocupado em fazer justiça. É um bom romano e acredita no sistema romano, ainda que não se identifique com alguns hábitos da sua cultura, entre os quais os divertimentos. Enquanto governante, claro está, estas características não serviam para ser considerado um bom líder, porque das duas, uma, ou ele fazia o que era justo, ou não agradava o seu povo. E o que acontece na maioria das sociedades se um líder não faz o que o povo quer? O que acontece se um grande governante, justo e com bons ideais, não faz o que o povo e o que os outros políticos querem? Simplesmente não sobrevive, e é afastado.

Não conhecia o autor, mas fiquei muito bem impressionada com este livro. A história é muitíssimo interessante e o enredo é sem dúvida cativante. Porém, aquilo que esconde por detrás é ainda mais rico, porque lida com mais do que a própria história. Não é uma simples historieta. É um livro que obriga o leitor a reconhecer que é curioso como duas sociedades tão distintas, separadas por tantos séculos, possam ter tanto em comum, simplesmente porque as atitudes das pessoas permanecem as mesmas.

Recomendo vivamente àqueles, que, como eu querem ser arrebatados por um excelente livro de um autor português.

Classificação: 8/10 - Muito Bom

sábado, 1 de janeiro de 2011

Balanço Literário de 2010

O ano de 2010 ficou abaixo das minhas expectativas em relação às leituras. O meu ritmo diminuiu consideravelmente assim como o tempo para vir escrever críticas. Ainda assim, não posso dizer que foi um mau ano, porque houve vários livros que simplesmente me maravilharam e consegui cumprir grande parte daquilo a que me propus há um ano atrás.

Os livros que mais gostei:

A Trança de Inês: O primeiro livro que li dum autor lusófono (sem ser JRS) que superou completamente as minhas expectativas. Adorei a expressão escrita de Rosa Lobato de Faria e a forma como abordou o romance de Pedro e Inês. Um livro pequeno, mas que agora que reparo, se encontra ainda muito vivo na minha memória. Um obrigada à minha antiga professora de português por me suscitar o interesse por autores portugueses contemporâneos.

Crónicas do Gelo e do Fogo: Li 4 livros este ano e adorei a série. As expectativas eram altas mas os livros não só as corresponderam, como também as superaram. Estou apaixonada pelas personagens e suspeito que, em 2011, estas ainda me vão surpreender mais.

El Tiempo entre Costuras: Um livro maravilhoso que tive a sorte de poder lê-lo na sua língua original e cuja história me encantou. Mais que aconselhado!

Romances históricos de Philippa Gregory: O que posso dizer? A forma como ela nos transporta para a corte dos Tudor é espectacular.

A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol: Um livro fabuloso, que recomendo vivamente. Não percebo como só li um livro dele este ano :(

Em relação a números:

Livros lidos: 40

Por género:
Livros infanto-juvenis da colecção Estrela do Mar: 6
Romance:15
Romance histórico: 6
Policial: 3
Fantasia: 5
História/Filosofia: 3
Thriller:2

Por autores:
Autores conhecidos: 6
Autores que não conhecia: 24
Autor com mais livros lidos: Agatha Christie (3), George R. R. Martin (2)
Autores Portugueses: 3 (aspecto a melhorar em 2011)

Emprestados (biblioteca): 25
Emprestados (pessoas): 6
Comprados:9

Número de páginas lidas: 12171
Número médio de páginas por dia: 33

Para 2011, espero vir a ler livros dos autores com que me comprometi o ano passado (Anne Bishop, Charlotte Brontë, Juliet Marillier, mais Murakami...) e, se possível, continuar a descobrir autores e livros maravilhosos, como tenho vindo a fazer desde que me tornei visitante assídua dos blogs de leitura na barra lateral :)

Um excelente 2011 e boas leituras!!