sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Os Pássaros de Seda, de Rosa Lobato de Faria

Sinopse: Graças à qualidade eterna do carácter de minha mãe e ao consequente travão que ela pôs à entrada do "progresso" naquela casa, a Pedra Moura guardou para sempre a sua transcendência de lugar mágico. O reino dos contos de fadas e dos autos de Natal, o mundo dos antigos aromas e sabores, o sítio da infância, o refúgio ideal para nascer e morrer.
Assim terminam as memórias de Mário, um dos protagonistas de Os Pássaros de Seda, um livro soobre a condição humana, que opões os valores perenes da infância, do maravilhoso e do amor à precariedade das paixões e dos transes da fortuna.
Um magnífico romance que, depois de O Pranto de Lúcifer, confirma a sua autora como uma presença incontornável no panorama da nova ficção portuguesa.

A minha opinião: Belíssimo. Este pequeno livro de 200 páginas encerra em si uma história mundana, de um amor silenciosamente incorrespondido. Algo cliché, é certo, mas em Rosa Lobato de Faria o que nos toca não é um enredo com grande mistérios e acontecimentos imprevisíveis. O que nos toca, sim, é a beleza da escrita, os pormenores e os detalhes que transformam, aos ouvidos, a prosa em poesia.

Os Pássaros de Seda  são, praticamente, as memórias de Mário, filho de uma criada, que vive com ela, o tio-avô - Zebra - e Diamantina, que foi adoptada pela mãe e o tio. Companheiros inseparáveis enquanto crianças, Mário cedo evoluiu para um amor sincero por Diamantina, a qual não via em Mário senão um irmão. A vida de ambos segue rumos muito diferentes, mas sendo Diamantina a protagonista da vida de Mário é, também, ela a protagonista deste livro.

Os Pássaros de Seda apresenta-nos, assim, uma história que nos dá asas para reflectir sobre as relações humanas, os erros do passado, o apreço que damos, mas principalmente, o que não damos ao que nos rodeia, e o facto das nossas memórias serem feitas de pequenos momentos, mas esses momentos fazerem toda a diferença. No fundo, Os Pássaros de Seda fala-nos da vida.

E essa reflexão deve-se às personagens que nos lembram os nossos próprios amigos, namorados, irmãos, pais, avós, desde os contos do tio Zebra que, metaforicamente, descrevem tantos momentos e erros nas vidas de Diamantina e Mário, aos pensamentos das personagens, quer principais quer secundárias, que nos ferem o coração de tão dolorosamente verdadeiras e aplicáveis à nossa vida.

Ao acabar de lê-lo, a única palavra que tenho em mente é bravo. O final dói pela morte de Mário, uma personagem cuja intervenção quase parece um detalhe na história, mas que nos proporcionou um livro belíssimo que nos envolve subtilmente mas de maneira incontornável.

Classificação: 8/10 - Muito Bom

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