Sinopse: A Flor Oculta é uma bela e pungente história de amor, cujos protagonistas - uma japonesa e um americano - vivem um drama intenso e doloroso. Mas, das ruínas do amor aniquilado pelos preconceitos, brota a "flor oculta", o pequeno Lennie, que vai encontrar, à sua volta, a dádiva generosa da mais profunda simpatia humana
A minha opinião: Parti um pouco à aventura para a leitura deste livro, pois o único que sabia era que a autora tinha ganho o prémio nobel. De facto, desde cedo se nota a qualidade da escrita de Pearl S. Buck. As partes descritivas intercalam com as narrativas na dose certa, fornecendo ao leitor imagens belíssimas ou cruamente realistas do que está a ocorrer.
N' A Flor Oculta, Pearl S. Buck apresenta-nos a história de Josui, uma japonesa de uma família que vivera na Califórnia, que conhece Alenn, um soldado americano que se encontra, por um período, no Japão. Os dois apaixonam-se, todavia terão de lutar contra o preconceito racial que sofrem, quer no Japão, quer nos Estados Unidos. Esta questão da mistura de raças era algo que preocupava a autora, o que se espelha, então, nos livros que escreveu. Deste modo, ainda que, agora, estes não sejam tão revolucionários quanto isso, servem para, de facto, nos relembrarmos da profunda mudança de mentalidade que ocorreu no século XX e que, contudo, deve continuar a ocorrer, pois o caminho para uma completa igualdade é, ainda, longo.
A Flor Oculta apresenta brilhantemente um confronto de filosofias de vida - japonesa e americana - bastante realista, sem cair em algo desinteressante. As personagens são muito credíveis e representam magnificamente os seus papéis, revelando-se submissas e resignadas ao destino, em certas alturas, mas, noutras, rebeldes e ansiosas por tomar ação, sendo que a autora consegue fazer transparecer esses estados de espírito na perfeição. Pelos vários momentos que vivem as personagens, é impossível não rever nelas outros acontecimentos relacionados connosco ou com quem conhecemos - a sensação de inadptação, a incompreensão devida a preconceitos por parte de quem nos ama, a influência da mentalidade da sociedade ou a sensação de que os esforços feitos foram inúteis, de que, afinal, remamos contra a maré. Neste livro, a reflexão é motivada por uma temática que faz, de algum modo, lembrar Madame Butterfly, devido à angústia de Josui por ficar, para sempre, entre a cultura nipónica e americana, nunca pertencendo verdadeiramente a nenhuma. O mais incrível, porém, é a evolução abismal da personagem ao longo do livro, sendo o seu sofrimento quase palpável. Porque todos nos sentimos, nalgum momento, na terra de ninguém.
Este livro vale, assim, não por uma história imprevisível, ainda que dolorosamente bela, mas pela impressão que provoca no leitor, pela reflexão que nele motiva. Talvez ter gostado bastante deste livro se deva a uma ótima combinação entre o livro e a altura em que o leio, mas o facto é que as personagens e a sua história acabaram por me tocar mais do que estaria à espera, agora que olho objetivamente para aquilo que li. Porém, ao escrever a crítica, tenho plena consciência de que, afinal de contas, não é um nobel que faz uma boa experiência de leitura, é a conjugação de milhares de variáveis. Não conheço mais de Pearl S. Buck, mas é uma autora cujos livros tenciono descobrir.
Classificação: 8/10 - Muito Bom
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