
A minha opinião: Parti para este livro sem ter feito uma pesquisa prévia nem ter ouvido falar dele. Aconteceu simplesmente o livro destacar-se no meio de tantos outros na estante da biblioteca. Um pequeno risco que valeu a pena correr.
Mil Sóis Resplandecentes narra uma história belíssima num Afeganistão fragmentado pela guerra e pela mente. Sabendo pouco da realidade que assolou o país nas últimas 3 décadas, este livro foi uma excelente ponte para conhecê-la.
Cativante do início ao fim, seguimos as vidas de Mariam e Laila, duas mulheres de gerações diferentes cujas vidas se acabam por enlaçar. Estas personagens, e tantas outras secundárias, encontram-se muito bem construídas e muitas são as vezes em que nos comovemos com as suas tristes sinas ou nos alegramos com os pequenos prazeres que lhes é permitido desfrutar. Mariam, filha bastarda de um senhor abastado de Herat, vive uma vida onde rapidamente a sua inocência de criança é transformada devido à repressão que sofre. A sua história de vida, injusta, revela uma mulher de nobre carácter. Por seu lado, Laila, nascida em Cabul numa família acolhedora, mostra também a importância de uma educação encorajadora, pensando que as portas lhe poderiam estar abertas. Porém, tal como na vida, as adversidades têm lugar em momentos pouco oportunos, impedindo-nos de realizar os nossos sonhos nesse momento. São assim altas as barreiras que Laila tem de ultrapassar para poder ser feliz.
Enquanto mulher, as suas vidas impressionaram-me ainda mais, por contactar, ainda que ao de leve, com a realidade cruel de ser mulher no Afeganistão naquele período.
Como referi, o conhecimento que tinha sobre o período e local relatados é reduzido, pelo que não consigo certificar que o que é relatado é verosímel. Porém, na perspectiva de dar a conhecer a população afegã, algumas das suas dificuldades, medos, ambições, considero que o livro cumpre o seu papel eximiamente. A pesquisa que efectuei mais tarde sobre os locais relatados e alguns dos acontecimentos veio confirmar a ideia com que fiquei no livro, o que foi bastante enriquecedor. Mas mais enriquecedor ainda foi o facto de ver estes acontecimentos mais na perspectiva afegã, porque a perspectiva que nós, europeus, temos destes acontecimentos que tiveram lugar no Afeganistão é parcial e é nos difícil compreendê-los à luz do nosso contexto.
Recomendo. Para a estreia nas minhas leituras de Khaleed Houseini, fiquei muito bem impressionada. Lerei certamente outro livro dele no futuro.
Classificação: 8/10 - Muito Bom