Sinopse: Na América é um retrato caleidoscópico da América, um livro imaginativo e de uma extrema modernidade. A autora toma como ponto de partida uma história situada no passado - a história de Helena Modrzejewka- para criar um mundo ficcional rico em ressonâncias contemporâneas. Em 1876, um grupo de amigos conduzidos por Maryna Zalezowski, a maior actriz polaca da época, emigra para os Estados Unidos, dirigindo-se à Califórnia para aí fundarem uma comuna "utópica" nas proximidades de Anaheim. Maryna que por esta aventura renuncia à sua carreira, tem ao seu lado o filho e o marido. Na comitiva encontra-se ainda um jovem escritor apaixonado por ela. Quando a comuna fracassa e a maior parte dos emigrados regressa à Polónia, Maryna permanece e, sob o nome de Marina Zalenska, inicia uma nova e ainda mais brilhante carreira nos palcos americanos.
A minha opinião: Este livro chamou-me a atenção porque gosto bastante desta época (séc.XIX), adoro histórias inspiradas na vida de alguém e além disso (posso dizer que não tem influência, mas seria mentira) tem uma capa mesmo bonita...
Um dos pontos fortes deste livro é a forma como está escrito. Penso que a mudança de narradores em vários capítulos, tanto na primeira pessoa como na terceira, fazem com que a leitura tenha mais interesse. Inclusive o início, em que é a própria autora a descrever, na primeira pessoa, o cenário, a modificação dos nomes das personagens da história da actriz na qual se inspirou e também a forma como foi parar aquela história... Uma boa abordagem para começar e que gostei bastante.
Outro aspecto que gostei muito foi o facto da cultura ter um papel muito importante neste livro quando estão na Polónia e mesmo depois, na América, o que aliás já estava à espera e não me desiludiu. Penso que através deste aspecto, que eu valorizo, porque a música, o teatro e outros aspectos do quotidiano ajudam-me muito a contextualizar o tempo em que se passa a acção.
A visão da América neste livro é uma visão crítica, que explora, a meu ver de uma forma bem conseguida, muitas das ilusões dos europeus quanto à América e à forma como os Americanos se viam (ou vêem) a si próprios/outros povos.
Relacionado também com a escrita de Susan Sontag, existem passagens do livro que gostei bastante, pois não sendo demasiado rudes, dizem a verdade de uma forma completamente diferente da convencional ou de um ângulo muito interessante. Além disso, em algumas dessas passagens, deixam também algumas perguntas ( filosóficas/enigmáticas) pois deixam o leitor a pensar...
Por fim, deixo alguns pontos negativos desta obra. Apesar da mudança de narradores, o ritmo do livro não é constante. No entanto penso que isso aconteceu porque não sendo uma grande fã de teatro, houve algumas descrições das peças que, como não as conhecia muito bem, foram um pouco aborrecidas de ler (sem ofensa para aqueles que gostam de teatro, pois esses certamente compreenderiam e gostariam do final muito mais do que eu).
No entanto, a apreciação do livro é boa, pois aprendi várias coisas sobre teatro que desconhecia, e sobre a cultura do século XIX, a história da actriz era bastante interessante e cativante, pois valeu-lhe o National Book Award e Jerusalem Book Prize. Estou tentada a ler futuramente outro livro dela, O Amante do Vulcão.
Recomendo para aqueles que além de gostarem do tema deste livro, gostem também do teatro e conhecem bem (ou razoavelmente) Adrienne Lecouvreur, a Dama das Camélias e peças de Shakespeare.
Classificação: 7/10 - Bom
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