segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O Filho das Sombras, de Juliet Marillier

Sinopse: As florestas de Sevenwaters lançaram o seu feitiço sobre Liadan, que, tal como a mãe, Sorcha, herdou, além do dom da Visão, o talento de curar e penetrar no mundo espiritual.Os espíritos da floresta avisaram Liadan de que deve permanecer, para sempre, em Sevenwaters, se quer que as ilhas sagradas sejam reconquistadas aos Bretões, que as tomaram à força.
A Irlanda está em guerra. Atacantes assolam as suas costas - e uma nova fé ameaça a velha, dividindo o seu povo. Neste cenário perigoo um homem é temido, acima de todos os outros: o Homem Pintado granjeou uma reputação terrível como mercenário feroz e astuto e, com um espantoso bando ataca aqui e ali com mão precisa, espalhando o terror por todo o lado e desaparecendo como por magia.
De regresso a casa, vinda de acompanhar a irmã, Lidan é capturada pelo Homem Pintado. Este revela ser um homem nada parecido com a lenda. Liadan sente-se atraída por ele, apesar da antiga profecia de maldição, mas poderá ela viver a sua vida e desdafiar os espíritos, ou uma maldição cairá sobre Sevenwaters devido ao seu amor proibido?

A minha opinião:
Juliet Marillier é, sem sombra de dúvida, uma escritora excepcional. Ainda não acabei de ler o terceiro livro, mas tenho a certeza que esta triologia vai ser uma das minhas preferidas. Eu adorei o primeiro livro, mas este não ficou muito atrás.

Identifiquei-me imenso com a personagem principal, Liadan. Eu já me tinha perguntado o que aconteceria se não respeitasse as regras do outro mundo, mas Marillier tem um dom para inventar uma história tão rica onde isso aconteça de uma maneira tão forte.

Liadan é a filha da personagem principal do primeiro livro, Sorcha. Através do seu maravilhoso romance com o Homem Pintado, somos surpreendidos com cada escolha que toma, com a sua maneira de ser. Mas esta não é um romance qualquer, é um romance forte, que nos prende até à última página.
A meu ver, bastante diferente do primeiro. Liadan tem poderes muito mais fortes que Sorcha e é muito diferente da mãe, e desafia as ordens das Criaturas Encantadas o que faz com que a história seja um pouco mais imprevisível e tenha mais acção.

Não me emocionei tanto como no primeiro livro, mas a nível de personagens, talvez este o tenha superado. O Homem Pintado é simplesmente fantástico. Adorei a história que Juliet escreveu para ele. Ela consegue juntar cada pormenor e deixa-nos sempre na expectativa. Fantástico o rumo que cada personagem seguiu. Fantástica a persistência, a teimosia, a autonomia de Liadan. Aconselhadíssimo.

Classificação: 9/10

[Edit: Acabei de ver a crítica do Tiago do blog Lydo e Opinado e lembrei-me que tive a mesma dúvida. Para aqueles que leram, quem acham que é O Filho das Sombras? Eu penso que é o Bran, mas às vezes pensei que era Ciarán...]

domingo, 30 de agosto de 2009

A Filha da Floresta, Juliet Marillier

Sinopse: Passada no crepúsculo celta da velha Irlanda, quando o mito era Lei e a magia uma força da Natureza, esta é a história de Sorcha, a sétima filha de um sétimo filho, o soturno Lorde Colum, e dos seus seis amados irmãos. O domínio de Sevenwaters é um lugar remoto, estranho, guardado e preservado por homens silenciosos e Criaturas Encantadas que deslizam pelos bosques vestidos de cinzento e mantêm armas afiadas. Os invasores de fora da floresta, os salteadores do outro lado do mar, os Bretões e os Viquingues, estão todos decididos a destruir o idílico paraíso. Mas o mais urgente para os guardiões é destruir o traidor que se introduziu dentro do domínio: Lady Oonagh, uma feiticeira, bela como o dia, mas com um coração negro como a noite. Oonagh conquista Lorde Colum com os seus sedutores estratagemas,; mas não consegue encantar a prudente Sorcha. Frustrada por não conseguir destruir a família, Oonagh aprisiona os irmãos num feitiço que só Sorcha pode quebrar. Se falhar, continuarão encantados e morrerão! Então os salteadores chegam e Sorcha é capturada, quando está apenas a meio da sua tarefa... Em breve vai ver-se dividida entre o seu dever, que lhe impõe que quebre o encantamento, e um amor cada vez mais forte, proibido, pelo senhor da guerra que a capturou.

A minha opinião: É me um pouco difícil descrever um livro que gostei tanto. Da escritora, tinha lido as Danças na Floresta e O Segredo de Cibele, e gostei, mas este simplesmente maravilhou-me.

A Filha na Floresta apresenta-nos personagens muito diversificadas, o que é uma mais-valia. No entanto, Sorcha é simplesmente fantástica. Os leitores, que acompanham a sua adolescência, sentem com ela todo o sofrimento, os seus dilemas, a sua tristeza para completar a tarefa. Como a história é contada na primeira pessoa, Juliet consegue que o leitor se ponha na pele da personagem, sofra, chore com ela e tenha os seus dilemas. Senti um turbilhão de emoções enquanto o lia, e isso só me acontece quando um livro realmente mexe comigo. Penso que aqueles que o leram também não se sentirão indiferentes a ela.

Juliet Marillier escreve essencialmente fantasia, mas mesmo assim, sinto que escreve livros em que cada vez que os lemos podemos retirar um pensamento, uma lição diferente. Este livro não foge à regra, com uma grande profundidade, podemos também retirar montes de coisas dele.

De referir que é incrível como Marillier consegue juntar todos os pormenores da história, dando à história tanta riqueza, em que todos os pormenores contam e que produzem um excelente final.
Este livro é simplesmente fabuloso. A história é lindíssima e prende sem dúvida o leitor. Um livro forte, profundo, maravilhoso. A par de Mulherzinhas, um dos livros que me marcou este ano. Não posso deixar de aconselhar.

Classificação: 10/10 (eu sei, eu sei que já é o segundo, mas eu sou assim...)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Livros proibidos na VISÃO

Caros leitores, quando num dia de intenso calor, comprei a revista Visão, deparei-me com um conjunto fantástico de seis livros. O que têm estes de especial? São todos eles obras-primas indiscutíveis. São seis livros polémicos, revolucionários, provocadores, subversivos, imorais e muitas coisas mais. Escritos em três séculos diferentes por gente que foi perseguida, censurada e criticada.





Autor (a): Marayat Rollet Andrianne
Pseudónimo: Emmanuelle Arsan
Título: Emmanuelle
Colecção: Livros Proibidos da Visão
1º livro- Pseudónimo de Marayat Rollet Andriane, Emmanuelle Arsan nasceu em Banguecoque, em 1932, e escandalizou a França, no final dos anos 50. A sua heroína é conhecida em todo o mundo e é ela que estreará esta colecção. Emmanuelle, personagem que o cinema atiraria para o estrelato, conta as aventuras de uma mulher que vive a sexualidade sem tabus ou limites.




Autor (a): John Cleland
Título: Fanny Hill
Colecção: Livros Proibidos da Visão
2º livro- Uma semana depois, chega Fanny Hill. Esta é a história do século XVIII, de uma ambiciosa londrina, mestre em todas as formas de amar. Mas pior que revelar as suas inconfessáveis aventuras, foi o autor ter cometido o pecado de acabar a história com o casamento da sua heroína, que "viveu feliz para sempre" à semelhança de qualquer dama burguesa. O atrevimento trouxe a John Cleland um galardão que nunca mais perderá: o de ser o primeiro autor com um romance proibido nos Estados Unidos.

Autor (a): Pauline Reage
Título: A história de O
Colecção: Livros Proibidos da Visão
3º livro- História de O, editada em França, em 1954, escandalizou e marcou a sociedade ocidental da época. Conta as aventuras de uma fotógrafa de moda que vive um quotidiano de escravidão sexual por opção própria, um pretexto para Pauline Reage falar da sexualidade feminina.




Autor (a): Marquis de Sade (Marquês de Sade)
Título: Justine
Colecção: Livros Proibidos da Visão


4º livro- Na quarta semana, regresso aos séculos XVIII/XIX, mas agora com a escrita masculina de Sade. Justine é o nome da protagonista de todas as histórias vividas e sonhadas pelo o marquês - e reza a História que de vistuosas nada tinham. Um livro que lhe custou a prisão, por ordem de Napoleão Bonaparte.





Autor (a): Anais Nin
Título:
Delta de Vénus
Colecção: Livros Proibidos da Visão

5º livro- Anais Nin morreu em 1977. O escândalo que os seus livros provocaram mostra bem que o tempo passa, mas os costumes nem tanto. Os Diários Íntimos, onde conta os seus amores com algumas celebridades de então, como aconteceu com Henry Miller, e com a mulher do escritor, June, consagraram-na definitivamente. Mas é em Delta de Vénus, obra fantástica, que encontramos os melhores retratos de vida "louca" dos anos quarenta. Retratos escandalosamente picantes, com a suave assinatura de uma mulher extremamente sensual.




Autor (a): Wilhelmine Schroeder-Devrient
Título: Memórias de uma cantora Alemã
Colecção: Livros Proibidos
6º livro- E é com outra melhor, e de novo no século XIX, que é encerrada esta série de Livros Proíbidos. A autoria de Memórias de uma cantora Alemã foi segredo durante anos (como podem ver pela capa, o nome do autor aparece como anónimo), mas acabou por ser desvendado. Trata-se de uma autobiografia de aventuras amorosas, da cantora lírica Wilhelmine Schroeder-Devrient, contadas através de cartas dirigidas a um dos mais conceituados médicos de então.

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Uma colecção a não perder, para os dias quentes de Verão, e que podem adquirir com a Visão. São seis verdadeiras obras-primas. Mas que não fiquem dúvidas nem equívocos entre os leitores mais sensíveis: esta é uma colecção de livros eróticos.

Boas leituras!


sábado, 22 de agosto de 2009

Ciclo Terramar, Ursula K. Le Guin

Vi esta autora já não sei bem onde, e como me chamou a atenção, aproveitei e li os que ela tem publicados na colecção Estrela do Mar:



Sinopse: ( O Feiticeiro e a Sombra) Numa terra longínqua chamada Terramar vive o maior de todos os arquimagos. O seu nome é Gued, mas há muito tempo atrás, ele era um jovem chamado Gavião, um ser estranho, irrequieto e sedento de poder e sabedoria, que se tornou aprendiz de feiticeiro. Neste livro conta-se a história da sua iniciação no mundo da magia e dos desafios que teve que superar depois de ter profanado antigos segredos e libertado uma negra e pérfida sombra sobre o mundo. Aprendeu a usar as palavras que libertavam poder mágico, domou um dragão de tempos imemoriais e teve que atravessar perigos de morte para manter o equilíbrio de Terramar. No meio de um suspense quase insustentável, de encontros místicos, de amizades inquebrantáveis, de sábios poderosos e de forças tenebrosas do reino das trevas e da morte, Gued não pode vacilar, qualquer fraqueza sua fará perigar o equilíbrio que sustenta o mundo… e a sombra maléfica que ele libertou, gélida e silenciosa, só está à espera desse momento para devastar, com as suas asas negras, o mundo inteiro. O Ciclo de Terramar é uma admirável tetralogia, por muitos comparada a clássicos como «Narnia» de C.S. Lewis ou «O Senhor dos Anéis» de J.R.R. Tolkien. Esta magnífica saga, que se tornou numa obra de referência no vastíssimo percurso literário desta escritora norte-americana, tem início com «O Feiticeiro e a Sombra». O universo de Terramar, simultaneamente tão semelhante e diferente do nosso, é, sem dúvida, uma das maiores criações da literatura fantástica, e o poder misterioso e mágico que emana da narrativa, a sensibilidade que ilumina os momentos de profunda sabedoria, a intensidade das personagens, o estilo elegante e cristalino conquistam-nos de imediato e rapidamente nos arrebata para os meandros dos seus reinos imaginários.

A minha opinião:
Esta foi uma das surpresas desta colecção. Não achei o livro nada infantil, até bastante juvenil. Quando os comecei a ler, achei que tinham alguns dos ingredientes de Eragon, (os nomes verdadeiros das pessoas, que até agora pensava que era invenção de Paolini, ignorância minha) e d' O Círculo da Magia de Debra Doyle e James MacDonald. Ursula K Le Guin, tem de facto um dom para histórias de fantasia. O mundo criado por ela é de facto impressionante. Não me admiro que tenha escrito desde 1968 (ano da publicação d' O Feiticeiro e a Sombra) até 2001 histórias sobre este ciclo. Uma coisa que reparei é que lendo-os de seguida poderia cansar, mas não, a história e bastante cativante, pelo que não tive quaisquer problemas em lê-la de seguida. Na realidade tenho pena que não tenham traduzido o que ela publicou em 2001... Os primeiros 3 livros falam do Feito de Gued. A sua ascenção desde um pastor até ao Arquimago de Terramar. No entanto, cada livro fala de um episódio diferente da sua vida. Não posso falar muito mais, se não entraria em spoilers... Para aqueles que gostam do fantástico, esta é um bom ciclo para ler. Vou ficar de olho nesta escritora. Um ciclo aconselhado. Deixo aqui uma passagem constante nos livros: «Só no silêncio a palavra, só na escuridão a luz, só na morte a vida: nítido o voo do falcão no céu vazio.» (Depois de ler o livro tem ainda mais significado...)

Classificação: 8/10 (apenas do ciclo, não individual) - Muito Bom

Leitura Conjunta - Morte no Nilo

À semelhança do que aconteceu com Drácula, devo também participar na próxima Leitura conjunta do Fórum Estante dos Livros. A escolha para a 5ª leitura conjunta foi Morte no Nilo, de Agatha Christie.

Estas experiências são muito enriquecedoras. Além de podermos trocar impressões com outras pessoas sobre o livro que estamos a ler (em que ainda temos tudo fresco), também permite-nos ter uma opinião mais clara sobre o livro que estamos a ler.

É a segunda em que vou participar e aconselho a todos! Para o fazerem, visitem o fórum e inscrevam-se!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O Nascimento de Vénus, de Sarah Dunant

Sinopse: Desnudo o corpo da irmã Lucrezia, as freiras observam a estranha tatuagem em forma de serpente que percorre o seu ventre. Lucrezia um dia fora conhecida por Alessandra. Jovem e inteligente, ela vivera o esplendor e luxo dos Médicis em pleno Renascimento. Como fora ela parar àquele convento? O que significaria aquela tatuagem no seu corpo? De que morrera, afinal? O Nascimento de Vénus é um envolvente romance de mistério e paixão no século XV, a retratar a detalhe e minúcia a arte, a riqueza e a podridão de Florença.


A minha opinião: É um livro fascinante, em que o mistério nunca acaba.

Alessandra é uma jovem italiana, em pleno Renascimento, que nutre um prazer incrível pela pintura. Ela tem o toque, a sensibilidade e a cultura de um artista, mas algo a impede de ser livre e de se dedicar inteiramente à sua paixão. Ser mulher. Com a chegada de um misterioso pintor, a sua casa, Alessandra atravessa a barreira do proíbido, e envolve-se numa frenética paixão.

Porém, as suas obrigações como futura e boa esposa continuam, acabando Alessandra por ter o mesmo destino que todas as mulheres. O casamento. Como acaba, Alessandra, a sua vida num convento? Qual será o significado da estranha tatuagem que lhe envolve o corpo? Isso terão vocês que descobrir. Com um final emocionante, esta é uma apaixonante aventura, recheada de mistérios e sedução que nos envolve, desde o início até ao fim.

Classificação: 8/10 - Muito Bom

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O Monte dos Vendavais, Emily Brontë

Sinopse: O seu único romance, Wuthering Heights ( O Monte dos vendavais), publicado um ano antes da sua morte em 1848, com trinta anos de idade, permanece talve como a obra original mais intensa de língua inglesa. Nele relata Emily Brontë a saga da paixão desmedida entre Catherine Earnshaw e o rebelde Heathcliff, fazendo-o com tal verdade, imaginação e intensidade emocional, que uma simples historieta passada nos brejos de Yorkshire adquire a profundidade e a simplicidade da tragédia.

A minha opinião: Este é um clássico diferente. Esta obra destacou-se das outras por uma única razão. Esta história não é simplesmente uma história de amor não correspondido, de pais que proíbem as filhas de se casar com aqueles que amam etc. ect. O monte dos vendavais explora a própria natureza humana, e não apenas o seu lado bom. Um excelente enredo, com um leque diversificado de personagens, afectadas pelos malévolos planos de Heathcliff, uma personagem que eu achei muito bem conseguida, pois apesar de se mostrar como um demónio, é na verdade muito inteligente. Uma personagem que permitiu ao máximo a Emily Brontë explorar o lado obscuro da personalidade humana, sem a tornar demasiado irreal.

A história é nos contada por Nelly, a governanta do Monte dos Vendavais e da Granja dos Tordos, que é alugada pelo recém-chegado, Mr Lockwood. Para mim, ele foi como que a personificação dos leitores, pois “aterra” ali desconhecendo a obscura história do local e de quem o habita, mas com uma enorme curiosidade para a saber. Penso que escolher a governanta foi uma excelente escolha da parte de Emily Brontë para nos contar a história, pois apesar de não ser a personagem principal, tinha uma boa relação com todas elas, incluindo Heathcliff, e uma maneira de contar a história de que eu gostei bastante.

Tudo começa quando Mr.Earnshaw acolhe na sua casa um rapaz que encontrou em Liverpool. Este rapaz, Heathcliff, acaba por apaixonar-se por Catherine, a filha de Mr. Earnshaw. Mas esta não é simplesmente a história deles. É também a história daqueles que, de alguma forma, viram a sua vida mudada por causa da acção de Mr. Earnshaw, e muitos foram aqueles que sofreram pela mesma.

Este livro tem também uma particularidade muito interessante, que é o facto de transpor gerações. São retratadas três, a de Mr.Earnshaw, a da filha, Catherine Earnshaw e a da neta, Catherine Linton. Esta particularidade permite ao leitor ver o crescimento de cada personagem e perceber várias acções e características da mesma, além da influência que uma acção teve nas gerações futuras.

A minha edição era a original de Emily Brontë, no entanto incluía o prefácio da edição melhorada pela irmã, Charlotte Brontë. Esta edição melhorada consistia na correcção de erros de impressão da edição anterior, reorganização dos parágrafos, alteração da pontuação e às vezes do próprio texto. Pessoalmente, penso que se excedeu no último ponto. No que toca a pontuação e parágrafos, não achei, e apesar de não ser muito culta na área, que estivesse fora do normal, pois não foi uma leitura difícil nesse aspecto. No que tocou à escrita de Emily Brontë, gostei bastante, pois dava espaço para a imaginação ao mesmo tempo que descrevia bem os espaços.

Um excelente clássico da literatura, que aconselho vivamente a todos os que apreciam uma boa história.

Classificação: 9/10 - Excelente

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A ilha do tempo perdido, Silvana Gandolfi

Sinopse: Num quente dia de Junho, Giulia e Arianna vão fazer uma visita com a turma da escola a uma antiga mina. As duas amigas afastam-se um pouco do grupo, e depois, incapazes de encontrarem o caminho de regresso, vão parar a outro mundo! À ilha do tempo perdido onde estão os habitantes e os objectos que se perderam da Terra – pessoas, óculos de sol, chapéus, animais e ainda a memória daqueles que perderam a cabeça. Giulia e Arianna passam o tempo sem fazerem nada e estão radiantes no local paradisíaco que encontraram. Mas terão de voltar à Terra onde as espera uma importante missão: ensinar as pessoas a renascerem e a reaprenderem o significado de estar sem fazer absolutamente nada. Uma tarefa difícil nos dias que correm apenas possível aos terrestres que se disponham a saber apreciar a natureza e as coisas insignificantes, por vezes as mais importantes, que a vida pode proporcionar. Um verdadeiro hino à vida!

A minha opinião:
Este livro é um daqueles livros que nos surpreendem. Como sabem, uma das minhas metas é ler todos os livros da colecção Estrela do Mar e, ultimamente, não tenho lido muitos livros da mesma. No entanto, para desanuviar da leitura de clássicos, porque apesar de bons, o mesmo género sempre cansa, um livro infantil é uma boa forma de descansar um pouco...

A ilha do tempo perdido começa com uma nota do editor dizendo que a escritora encontra-se desaparecida. É então que temos duas histórias: a da escritora, que sabemos pelas cartas que ela manda à sua melhor amiga, Giulia e a própria história de Giulia na ilha do tempo perdido.

E o que é afinal esta ilha? Bem, é nesta ilha que vai parar tudo o que se perde na Terra, e quando digo tudo, é mesmo tudo, a cabeça, a esperança, os objectos, as pessoas...

Fiquei com pena que não houvesse mais nada desta escritora na colecção, pois fiquei bem impressionada neste título, pois Silvana Gandolfi é uma das escitoras italianas com mais sucesso na Itália no mundo dos livros infantis.

Uma história repleta de imaginação, uma excelente escolha para dar aos mais novos que certamente cultivará o gosto pela leitura.


sábado, 15 de agosto de 2009

Persuasão, de Jane Austen

Sinopse: Anne Elliot não é uma rapariga presunçosa, mas uma jovem fina e educada, com grande profundidade de sentimentos e uma inabalável integridade, que leva a uma vida curiosamente semelhante à Cinderela, com um pai ridículo e uma irmã autoritária. À medida que a história se desenrola, Anne consegue libertar-se da autoridade da família através de relações de amizade com mulheres de temperamento forte e consegue a realização pessoal neste romance em que os homens e as mulheres são apresentados de pé de igualdade sob o ponto de vista moral.

Opinião: Jane Austen já me inspirava curiosidade há muito tempo e penso que este livro foi uma boa escolha.


Persuasão começa com o nobre Sir Walter Elliot, o pai de Anne, a tentar arranjar uma solução para as suas sérias dívidas. Após o conselho de outros, decide alugar a sua casa. Os inquilinos são o almirante Croft e a sua esposa, que era, nem mais nem menos irmã de Frederick Wentworth, o rapaz que pedira em casamento Anne Elliot havia 7 anos e que esta recusara por ser persuadida por Lady Russel. É a partir daqui que se desencadeia uma história na nobre e diplomata sociedade Inglesa do século XIX onde é muito fácil voltar atrás no tempo e aterrar numa sociedade onde o nascimento era, muitas vezes, mais valorizado do que a própria pessoa.


Uma das coisas que valorizo bastante quando leio clássicos é poder ver a própria mentalidade da época através deles, pois geralmente passam-se na época do autor. Gosto bastante do século XIX - e principalmente da nobreza, com as suas regras de etiqueta e o seu grande orgulho, que é ainda maior na família Elliot - e por isso mesmo gostei bastante de o ver bem representado, como aliás já estava à espera.


Gostei de ler a história, mas o início não me agarrou totalmente, ao passo que adorei o final, pela imprevisibilidade de algumas personagens e pelo final em si (quem não o adorou?).


Esqueci-me de dizer porque este livro me chamou a atenção. O título, Persuasão, não vos chama também? Como a capacidade de persuadir alguém é muito poderosa... Como às vezes é mau sermos persuadidos a fazer algo... Sim, Jane Austen soube dar um título que se adequa completamente a esta história, que por sinal, sem persuasão, não existiria ;) ...


Classificação: 7/10 (esta nota foi difícil de dar, é quase um 8, mas...) - Bom

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Mulherzinhas, de Louisa May Alcott

Sinopse: Mulherzinhas conta a história de quatro irmãs, Josephine, Amy, Margaret e Beth. Começa com ternas memórias de infância e traça, num colorido mapa de vida, as aventuras e desventuras do seu crescimento, o despertar do amor, ilusões e desilusões, o contacto de perto com a morte. É um livro terno e intemporal, em que o leitor se deixa prender pelo enredo e vive a acção, partilha sensações, vibra com as alegrias e tristezas das quatro irmãs.

Opinião:
Apaixonei-me por este livro. Já há muito tempo que o queria ler e finalmente arranjei a oportunidade... A escrita da autora, não sendo especialmente sofisticada, é até bastante simples e suave, mas no entanto, consegue agarrar o leitor com a sua simplicidade.

A história, não tendo propriamente muita acção, é um conjunto de pequenos acontecimentos na vida das irmãs, que apesar de simples, levaram-me a querer continuar e saber um pouco mais do crescimento destas irmãs. Pois a grande particularidade deste livro, é o facto destas personagens estarem sempre a mudar, a crescer, a aprender com os seus erros. Em muitas partes do livro identifiquei-me com cada personagem... A luta de Jo contra o facto de se irritar facilmente, a de Amy contra o seu egoísmo, entre outras lições da Sra. March (a mãe das quatro), que me faziam relembrar o meu próprio crescimento.


Aconselho a todos, pois é de fácil leitura, a história é cativante e depois de que se começa o livro, eu pelo menos não consegui parar. Este é um dos clássicos que passará de geração em geração, e continuará a cativar os seus leitores.

Classificação: 10/10 - Magnifique

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Classificações

Olá!

Pensamos que as classificações ajudam ao leitor a ter uma ideia mais clara sobre o que achámos do livro. Apesar de não substituírem a opinião, porque afinal de contas um livro não é um número, decidimos tomar esta medida, utilizando uma tabela de 0 a 10. Esta tabela passará a figurar na barra lateral.

10 - Magnifique!
9 - Excelente
8 - Muito Bom
7 - Bom
6 - Bom, mas deixa a desejar
5 - Razoável
4 - Mau

3 - Muito Mau
2 - Mesmo Muito mau
1 - Péssimo
0 - Não acabei de ler

Escolhemos esta tabela, porque evita as meias notas e porque gostamos das coisas bem especificadas ;)

Por fim, esperemos que não deixem de ler a opinião, pois os números que atribuímos são meras indicações da nossa apreciação pessoal, e não deixam o leitor tirar as suas próprias conclusões, coisa que faz uma opinião.

Esperamos que seja do vosso agrado e boas leituras!


Cozinha das Letras




segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Frankenstein, de Mary Shelley

Sinopse: Frankenstein conta a história de Victor Frankenstein, um jovem estudante, que a partir de corpos de seres humanos que obtinha em cemitérios e hospitais consegue dar vida a um monstro que se revolta contra a sua triste condição e persegue o seu criador até à morte.

Opinião
: Gostei muito de ler este livro. À semelhança do que aconteceu com Drácula, tinha outra ideia deste clássico, no entanto não me desiludi. A história é contada através das cartas que Walton manda à sua irmã. Nessas cartas lemos a história de Victor Frankenstein, e dentro dessa
narrativa, a história do monstro por ele criado.

Acho que o ponto forte deste livro é o facto de Shelley nos apresentar duas visões completamente diferentes - a do criador e a do monstro- que levam o próprio leitor a um dilema, ao dilema do criador.

Enquanto lia este livro, achei algo um pouco estranho, o facto de que o próprio terror do livro era subtil, mas não deixava de lá estar. Ao contrário de Dŕacula, o suspense não é forçado, e também não achei que tivesse muitos momentos de acção parada, o que é uma mais valia.

Não sei se todas as versões deste livro têm a razão pela qual Shelley decidiu escrever este livro, mas pelo sim pelo não deixo-a aqui.

Quatro amigos -Mary Shelley, Percy Shelley, Lorde Byron e John Polidori - decidiram escrever algo sobre fantasmas. Segundo o que escreveu numa das suas notas, ela não tinha ideia do que fazer, até que um dia, teve um sonho onde lhe aparecia o monstro hediondo. Dos quatro amigos, apenas ela publicou o que escreveu. Foi assim que Shelley conseguiu neste livro fazer algo completamente diferente, o que lhe valeu que Frankenstein seja ainda hoje um grande clássico.

Classificação: 9/10 - Excelente

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón

Sinopse: A Sombra do Vento é um mistério literário passado na Barcelona da primeira metade do século XX, desde os últimos esplendores do Modernismo até às trevas do pós-guerra. Um inesquecível relato sobre os segredos do coração e os feitiços dos livros num crescendo de suspense que se mantém até à última página.

Opinião: Gostei bastante de ler este livro! A história é fantástica, viciante, surpreendente, imprevisível. Agarra desde a primeira até à última página, sempre deixando o leitor na expectativa, tal como um bom livro deve ser.

A história começa com a visita de Daniel ao Cemitério dos Livros Esquecidos, onde ele é como que chamado por um livro. Este livro esconde, como todos os livros, uma história por detrás, a história do seu autor. Mas este livro esconde uma história ainda mais surpreendente, um verdadeiro mistério que vai se vai descobrindo ao longo do livro.

Uma livro que aconselho a todos, aos amantes da leitura ou não, pois este livro, em especial, mostra o quanto um livro pode mudar a vida de uma pessoa.

Classificação: 8/10 - Muito Bom

domingo, 2 de agosto de 2009

Citação

À semelhança com o que fiz com Papillon, deixo aqui outras duas passagens do livro Na América, de Susan Sontag.

"Ficar a tal ponto atónito por alguma coisa existir realmente quer dizer que tal coisa nos parece bastante irreal. O real é aquilo que não nos deixa maravilhados, que não nos deixa abismados: não é mais do que terra firme que rodeia o nosso charco de consciência."

Uma das perguntas que referi que me deixaram pensar :

"E imaginar não será desejar?"

Na América, de Susan Sontag

Sinopse: Na América é um retrato caleidoscópico da América, um livro imaginativo e de uma extrema modernidade. A autora toma como ponto de partida uma história situada no passado - a história de Helena Modrzejewka- para criar um mundo ficcional rico em ressonâncias contemporâneas. Em 1876, um grupo de amigos conduzidos por Maryna Zalezowski, a maior actriz polaca da época, emigra para os Estados Unidos, dirigindo-se à Califórnia para aí fundarem uma comuna "utópica" nas proximidades de Anaheim. Maryna que por esta aventura renuncia à sua carreira, tem ao seu lado o filho e o marido. Na comitiva encontra-se ainda um jovem escritor apaixonado por ela. Quando a comuna fracassa e a maior parte dos emigrados regressa à Polónia, Maryna permanece e, sob o nome de Marina Zalenska, inicia uma nova e ainda mais brilhante carreira nos palcos americanos.

A minha opinião: Este livro chamou-me a atenção porque gosto bastante desta época (séc.XIX), adoro histórias inspiradas na vida de alguém e além disso (posso dizer que não tem influência, mas seria mentira) tem uma capa mesmo bonita...

Um dos pontos fortes deste livro é a forma como está escrito. Penso que a mudança de narradores em vários capítulos, tanto na primeira pessoa como na terceira, fazem com que a leitura tenha mais interesse. Inclusive o início, em que é a própria autora a descrever, na primeira pessoa, o cenário, a modificação dos nomes das personagens da história da actriz na qual se inspirou e também a forma como foi parar aquela história... Uma boa abordagem para começar e que gostei bastante.

Outro aspecto que gostei muito foi o facto da cultura ter um papel muito importante neste livro quando estão na Polónia e mesmo depois, na América, o que aliás já estava à espera e não me desiludiu. Penso que através deste aspecto, que eu valorizo, porque a música, o teatro e outros aspectos do quotidiano ajudam-me muito a contextualizar o tempo em que se passa a acção.

A visão da América neste livro é uma visão crítica, que explora, a meu ver de uma forma bem conseguida, muitas das ilusões dos europeus quanto à América e à forma como os Americanos se viam (ou vêem) a si próprios/outros povos.

Relacionado também com a escrita de Susan Sontag, existem passagens do livro que gostei bastante, pois não sendo demasiado rudes, dizem a verdade de uma forma completamente diferente da convencional ou de um ângulo muito interessante. Além disso, em algumas dessas passagens, deixam também algumas perguntas ( filosóficas/enigmáticas) pois deixam o leitor a pensar...

Por fim, deixo alguns pontos negativos desta obra. Apesar da mudança de narradores, o ritmo do livro não é constante. No entanto penso que isso aconteceu porque não sendo uma grande fã de teatro, houve algumas descrições das peças que, como não as conhecia muito bem, foram um pouco aborrecidas de ler (sem ofensa para aqueles que gostam de teatro, pois esses certamente compreenderiam e gostariam do final muito mais do que eu).

No entanto, a apreciação do livro é boa, pois aprendi várias coisas sobre teatro que desconhecia, e sobre a cultura do século XIX, a história da actriz era bastante interessante e cativante, pois valeu-lhe o National Book Award e Jerusalem Book Prize. Estou tentada a ler futuramente outro livro dela, O Amante do Vulcão.

Recomendo para aqueles que além de gostarem do tema deste livro, gostem também do teatro e conhecem bem (ou razoavelmente) Adrienne Lecouvreur, a Dama das Camélias e peças de Shakespeare.

Classificação: 7/10 - Bom

sábado, 1 de agosto de 2009

Papillon, de Henri Charrière

Sinopse: Papillon é uma das mais espantosas e vivas epopeias que têm surgido no panorama literário mundial durante estes últimos anos. Quarenta e três dias após a sua chegada ao degredo, na Guiana Francesa, Papillon foge. Após contacto com outros povos, é novamente aprisionado e volta ao degredo. No entanto, consegue safar-se no presídio na Venezuela. É um extraordinário documento sobre a vida dos forçados do Inferno Verde e uma extraordinária lição de coragem e virilidade - com o objectivo da fuga. Papillon tenta sempre. (adaptado da capa do livro)


Opinião:
Comecei a ler este livro sem qulquer ideia do que ia acontecer, pois não costumo ler a sinopse dos livros e (por incrível que pareça) ainda não tinha ouvido falar de Henri Charrière. Por estas razões tinha uma ideia deste livro completamente desajustada ao que seria papillon (borboleta)...

Confesso que não costumo ler este género de literatura, seja histórias verídicas (que penso que esta não se ajusta completamente ao género, mais tarde perceberão porquê) ou mesmo acção/aventura , apesar de gostar de o ler.

Depois de ler Amanhecer e Brisingr (ambos com mais de 700 páginas e com um ritmo, a meu ver, extremamente inconstante), estava com certo receio de o pegar, pois apesar de ter à volta de 550 páginas, a letra é muito pequena. No entanto, enganei-me redondamente. Este livro lê-se muito bem, pois tem um ritmo constante que me prendeu, apesar de serem narradas situações completamente diferentes , como histórias de personagens com que Papillon contacta e situações de adrenalina durante as fugas do degredo, por exemplo.

Acho que o livro foi muito bem conseguido, pois a vida de Papillon é extremamente interessante. A sua força para ser livre, a sua coragem, a sua persistência, levavam-no a arranjar as mais variadas maneiras para sair da prisão. Cada vez que preparava uma fuga, agarrava o leitor ainda mais.

Mas o livro não trata só das suas fugas. Trata também de pedaços da vida de muitas pessoas com quem contactou e com quem criou amizades, além de passagens que deixam o leitor a pensar como é bom sermos livres.

Para finalizar, deixo umas frases, que são um sentimento geral em todo o livro:

(na sequência da morte de um amigo)
"Morrer esfaqueado, por uma bagatela, aos quarenta anos! Pobre amigo. Não aguento mais. Não Não. Não. Está bem que os tubarões me digiram, mas vivo, lutando pela minha liberdade. (...) Se for devorado, hão-de apanhar-me vivo, a lutar contra os elementos, tentando alcançar o continente"

"Meu velho Papillon, é bem difícil desanimar-te. Eu sinto inveja dessa fé que tens em ti, de que um dia serás livre. Há já um ano que não paras de fazer tentativas de fuga e não desististe ainda. Mal acabas de fracassar numa, começas a preparar a outra. Estou espantado por não teres tentado desde que aqui estás."

São estas tentativas de fuga que fizeram de Papillon um êxito internacional e um livro extremamente viciante, digno de se ler.